quarta-feira, 28 de julho de 2010

Personalité


Boneca de retalhos. Vestido de azul predominante. Azul escuro: era o que podia enxergar. Cabelo de lã marrom, rosto de tecido rosado. Olhos de vidro. Tanto tempo habitando aquele canto. Assistiu muitas histórias á noite, contadas entre risinhos, criança enrolada em edredom, o sono que sempre vencia a guerra árdua com pálpebras persistentes, olhar fixo de mãos carinhosas e cuidadoras com leve toque de proprietária, no seu vai e vem constante, delicado e vagaroso por aqueles fios finos desenhando o amor diferente, amor de dona que nada tem e sabe disso. O beijo de leve na testa. Daquele canto assistiu o esforço do soletrar, o alvo demoradamente alcançado entre arquejos e repetições várias, mínimos longos momentos de pernas retraídas e coçar de pés de ansiedade por conseguir... De súbito, pressa, passos, gritos para demonstrar seu último feito. Encheu todo o quarto e casa com sua conquista, só os primeiros passos pode ser visto. Sabia de tantas opiniões, atitudes, descrições, experiências que em toda sua vida de boneca foi adquirida a custa de longa observação de seus olhos eternamente abertos. Não tinha nada. Ninguém sabe que ela reconhece a cor da borda do seu vestido, que ela assistiu momentos de intimidades maternais e, inclusive, decorou várias histórias e, às vezes, torcia silenciosamente pelas suas preferidas, riu diversas vezes das mesmas histórias e apesar da garotinha de fios finos não ter percebido em muitas ocasiões soprou a resposta do soletrar. Ninguém notou. Ela persistia em existir, raciocinar com seus miolos de pano nos dilemas da vida. Ela partilhava de uma família, tinha um lar, um quarto, um espaço na instante compartilhado com várias companheiras de sua espécie. Sim existia. Não criou nada grande, não tinha em seus traços, retalhos, composição, exceto o azul da borda de seu vestido, nada que a torna-se diferente de outras bonecas do ambiente. Tinha vida ao seu redor, tudo que poderia ocorrer na vida de um quarto ela participou como eficiente expectadora. A cabeça de fios finos aprendeu a soletrar habilmente, ler, escrever, aprendeu a crescer, aprendeu que não precisava mais de bonecas ou não era mais adequado tê-las por perto. O tempo sussurra esses estribilhos (das mudanças) aos ouvidos com tamanha sutileza que nem se aproveita o último brincar de boneca, voar no balanço. Gente cresce que nem nota... Nem nota a última brincadeira. Caixa no porão, lacrada como se ali habitasse um ser alta periculosidade. Uma hora isso iria acontecer, não era novidade, destino de toda boneca... Inexistir na vida de alguém, passar de objeto de extremo valor e cobiça por olhos e mãos inexperientes á representação do nada. A menina de fios finos seguia a rigor os paradigmas, anseios, dúvidas, atitudes de sua idade, assim como um dia correspondeu às expectativas de uma criança de sua época e cultura e um dia corresponderá às expectativas de adulta de uma forma ou de outra. E vai vivendo. Durante a transferência de habitar da boneca, esta lembrou de todos os momentos felizes que ocorreram naquele lugar, queria chorar, pelo menos uma vez exprimir o que se passava em sua cabeça, mas olhos de vidros não choram. Pensou que se pudesse ao menos andar teria uma vida brilhante, pois aprenderia a observar o comportamento de todos em todos os outros cômodos da casa e, quem sabe, adiante do grande portão que ultrapassou entre outras caixas uma certa manhã há muito tempo. Se pudesse, teria uma vida encantada, totalmente diferente de todas as bonecas da instante em que viveu e foi particularmente igual em rotina... Não teria enfeitado camas e instantes, tomado chazinho em copinhos plásticos em que nada há e morado em casinhas de madeira. Teria morado no escritório ou no banheiro. De todo jeito era morar e observar uma rotina de um lugar, mas só de imaginar observar a vida por ângulos incomuns para bonecas, se sua boca tivesse profundidade certamente estaria cheia d’água, de ânsia de vida. Enquanto a garota de cabelos de fios finos correspondia às expectativas dos anos, do espaço existente entre o céu e o solo, a boneca em seu céu negro desenhava estrelas brilhantes, furta-cores e sempre imaginava o que existia além delas.
Por, Hilda Elizabeth

terça-feira, 13 de julho de 2010

Toque( TOC)...


Três horas da manhã. Três da manhã e nada de dormir. Meu Deus. Mas como vou dormir após um dia como este. Que dia!
Vou ligar para Flávia, ela sempre me entende.
Bem na parte em que o rapaz do metrô lhe oferecia um sorriso de segundas intenções e ela se percebeu orando para que ele não notasse seu entusiasmo, ela escuta ao longe um barulho, deu de volta um sorriso na medida certa... E, de repente, como se homem-aranha a tivesse agarrado de costas pela cintura, se viu, em milésimos de segundo, sendo sugada de tudo aquilo e dando um pulo em sua confortável cama de lençóis verdes. Poxa, ele não pediu meu telefone... mas quem estará me ligando a esta hora e observa com preguiça e ainda coçando os olhos o relógio de cabeceira que marcava pontualmente que aquilo não eram horas para se ligar para ninguém. Flávia olhou para ele com carinho e agradeceu a compreensão. Chão frio. Sapateia em busca das pantufas... Em vão. Ainda berrando, o telefone tal qual criança, não cansava de afirmar sua existência e necessidade. Meio cambaleando, adequando a visão a claridade repentina, senta no braço do sofá e atende:
- Alô, Flá... Sou eu amiga. Sei que é tarde, mas eu tive um dia terrível, terrível!
- Olá Celina, o que foi dessa vez?
- O que foi dessa vez... Essa é boa! O que é sempre... Sabe a lei de Marphy. Eu sou a personificação dela. Acordei e o Alê tomou banho e molhou a privada. Poxa, eu estava toda quentinha e sento no assento... Na hora até arregalei os olhos, tem noção?Musculação para os glúteos ás 6h da manhã, é dose. E isso não é nada! O papel tinha acabado e tive que abrir outro rolo e você sabe como eu me irrito em ser a primeira usuária do rolo de papel. Eles não colaboram! Não tem unha certa que faça ele desenrolar, impaciente arranquei quase uma resma para desenrolá-lo. Daí fui tomar café e ao me levantar para pegar um guardanapo, o Alê comeu o último pedaço de misto quente do meu prato e bebeu meu último gole de café.O último, dos dois, você sabe, todo o sabor está concentrado na última mordida e no último gole. Isso não se faz nem com um inimigo, nem com um inimigo. Fui trabalhar e pelo menos isso foi igual a todos os dias, mas ao voltar para casa em pé no ônibus, aquele aperto, e um pessoa ao meu lado roçava, é essa a palavra tenebrosa, roçava o braço no meu, não de um forma de assédio, não, nada disso, mas sabe aquela encostadinha de leve em sintonia com o movimento do ônibus e tem horas que são só os pêlos de ambos braços que se encontram, nessas horas, juro que até minha hipófise se arrepiou de agonia. E você tem noção de quanto tempo tive que respirar fundo e passar por essa aflição... Ao descer do ônibus, um rapaz estava vendendo jujubas e finalmente senti alegria... Nem precisa dizer que tenho que parar de comer porcarias e levantar bandeiras pelas cenouras e alfaces, não adianta amiga, sou maníaca por doces e jujubas nem se fala. Mas, ao abri o pacote, constatei indignada que não havia uma, sequer uma, de morango ou de uva! Apenas abacaxi e limão... Agora me diga se não tenho razão: se não sou a encarnação da lei de Marphy.
Flávia escutou apática e com toda atenção que podia as informações que desesperadamente sua amiga jorrava. Lhe deu alguns conselhos de livros de alto ajuda com tom de propriedade no assunto. Mandou Celina respirar fundo três vezes e prometer que ao desligar o telefone iria colocar suas meias de bolas coloridas (aquelas que ela acreditava chamar bons sonhos), colocar a caneca com água na cabeceira da cama (já que Celina tinha plena certeza que acordaria com sede de madrugada e teria que levantar, pior, criar coragem de levantar, caminhar, encher o copo com água e, só depois de tudo isso, cambalear de volta para cama. A certeza da seqüência dos fatos a deixa tão ansiosa que ela tinha insônia quando já estava entrelaçada por seu edredom e não tinha posto a bendita caneca ao lado da cama). Após cantar toda essa mantra, já que os ataques de Celina não era, infelizmente, acontecimento raro, Flávia pôs o telefone no gancho e, entre as trombicadas de volta a cama, pensava se o rapaz de sorriso fácil ainda estaria no metrô.

domingo, 4 de julho de 2010

Um homem para chamar de seu...


Antes só do que mal acompanhada (será). Século XXI... As mulheres lotam as universidades, o mercado de trabalho e consolida a conquista do seu espaço no mundo da política... Mas, como sempre existe um mas... Observei por longa data um grupo em especial de mulheres: as humilhadas-felizes. A humilhada-feliz cresceu no mundo da inverdade: mulher precisa de marido, um ser de outra espécie ao seu lado para ser completa. Como a humilhada-feliz não faz parte de uma geração tão antiga assim, ela não precisa de “marido” para comer, vestir, morar, a plena verdade é que a mulher em questão não precisa financeiramente de um marido para nada. E ela tem tudo isso. Contudo sempre lhe faltava o essencial: o casamento, a festa, o vestido, a aliança para exibir com orgulho: não sou uma qualquer...Sou CASADA. Também quer o registro em cartório de “pertence de alguém”. A humilhada-feliz em seus relacionamentos nunca conseguiu guardar esse seu sentimento que querer pertencer. Até que a duras penas e depois de muita novela das 20h, ela conseguiu tudo que sonhou: vestido, igreja, aliança, jogar buquê, testemunhas e o principal: o marido. E conseguir isso não foi nada fácil, pois enquanto casar é coisa mais simples e lógica seqüencial óbvia para algumas mulheres, para esta espécie que exala sentimentos, isso é uma conquista de muito esforço engajada com boas doses de falta de amor próprio para ganhar essa parada. Já que não é de hoje que se sabe que ser humano é um bicho bem esquisito: aprecia quem despreza e despreza quem os ama... A velha e boa insatisfação terrena. A humilhada-feliz é movida a jargões como: “Aquilo que os olhos não vêem o coração não sente” e “No fim das contas, é comigo que ele vai ficar”... e assim deixa passar todas as destratos públicos e as puladas de cercas do futuro marido ... Enquanto casada: lava, passa, cozinha... Dona de casa com louvor e sem qualquer reconhecimento de absolutamente nada, só alfinetadas e grosserias sem motivos diariamente... Há muito o marido em questão sabe do pavor desta mulher em perdê-lo, então...
A humilhada-feliz chora calada. E nem adianta tentar conversar com ela, pois por mais que ela comente cada vez que tem oportunidade o quanto seu marido é estúpido e grosso, esta não pensará duas vezes, não pestanejará em defendê-lo com unhas e dentes e aos votos de casamento durante as discussões cotidianas... A humilhada-feliz adora se sentir vítima, adora que todos reconheçam o quão boa esposa ela é e que nunca aquele homem arrumará outra igual a ela... Esses momentos somado a pequena alegria de dizer pra quem quer que seja “Sou casada” é o combustível de vida desses seres que todos os dias com deveras paciência cosem seus trajes de humilhação. Ela cria em sua mente repleta de aceitações de desgraças que quando namorava, ele era muito diferente... É impressionante como todas tem o mesmo discurso e uma esperança inabalável na epifânica transformação do marido em questão... Um dia este passará por debaixo do arco-íris e será outra pessoa. A humilhada-feliz é comentada por toda vizinhança, cozinha entre lágrimas, dorme sozinha muitas e muitas noites, mas ao amanhecer... Orgulhosamente põe sua aliança em seu dedo esquerdo e ao observar sua calejada mão é tomada por aquela sensação tão peculiar de segurança, constatação que não precisa de mais nada na vida, nem de ninguém, certeza de não ser só: é completa!... E então, renova suas esperanças e fé nesse novo dia, acredita cegamente, sendo está a palavra exata, que este dia será diferente... Este dia ela será amada, querida, feliz... Santas mulheres... Movidas á resignação, humilhação contínua e uma esperança sem precedentes... Uma vida de massacre diário e alegrias tão ínfimas.

sábado, 26 de junho de 2010

Quem sou eu:

Vixe!Que difícil!
Por que tudo tem que ser definido???
Se conheço alguém tenho logo nomear se é colega, namorado ou amigo...
E se eu não quiser dizer: desdigo!
Estudo porque preciso, senão ia apenas viver porque a vida é tão pouca pra ser única e é tão fácil morrer que queria consumir cada dia de maneira sábia e útil, mas como sou só um monte de indefinições em uma mente que pouco cabe, vou saracoteando, chorando pitangas e soltando gracejos. Quem quiser me definir, favor aceito! Por enquanto nem sei o que é definir... Coisa mais encabidada! Só gosto de liberdadiar por ai, dizer falsetes, escutar pensamentos apavorados. Criar raciocínios sórdidos porque são sinceros e todo mundo gosta de uma boa mentira nem que seja amenizada!
Me perdoem se trato as dificuldades alheias com descaso(descobri isso há pouco) é que problema pra mim é perder um braço e se for no cru porque o resto levo de barriga e com um sorriso nos lábios, fácil. Limiar de dor elevado, não tenho culpa, culpa é da vida que tenho cheia de embaraços e bela e que tanto amo exatamente pelas suas entrelinhas.
Ah, não gosto de estrelinhas e borboletinhas e rosa no quarto. Prefiro identidade mesmo. E isso é raro, comprovado. Nunca fui com Maria pra canto nenhum e se alguém me disser com quem ela vai, pego esse bando de lesa e mando dá uma boa corsa pra aprender a pensar com a cabeça e não com os cabelos alisados, mas como não estou no mundo pra ensinar nada pra ninguém não faço nada e só fico rindo sozinha mesmo. E se engana quem acha que não penso no que falo, só cuspo aquilo que já foi mastigado. Prefiro ser tida por doida que por boa ou qualquer outra denominação porque doida é a definição de quem não tem definição entre os comuns. Ufa!
Não acho que cheguei ao auge de nada e tenho pena e desdenho de quem acha, sei que tenho muito pra aprender e nunca deixo de achar um possibilidade possível. Não é porque uso calça que não posso usar vestido, não é porque faço medicina que tenho que morrer fazendo isso. Só quero me sentir bem, feliz, coração preenchido. Estou indo para o norte, mas se resolver ir para o sul, raciocino e vou sem tintumbiar. E dane-se o que todo mundo pensa, fala ou vai falar ou para onde os outros vão... Se fosse ligar para a opinião dos outros na vida hoje estaria limpando chão. De tudo que já experimentei, a melhor coisa que aprendi é que a vida é minha e isso é doce como a liberdade que respiro. Ah, não quero me casar, não quero ter marido, não sou contra quem faz isso (ah, só um tico)... Porque sou completa e não preciso de ninguém para me fazer feliz, sou feliz. Sim terei um filho, depois dos 40 quando muito já tiver vivido porque filho pra mim não é dar banho e pôr fralda é formar caráter e PERSONALIDADE, um ser humano digno... Enfim, tenho tudo que preciso: VIDA e uma cabeça ímpar... O resto, vou levando, rindo.
Por, Hilda de Queiroz.

terça-feira, 15 de junho de 2010

E a gente sempre acha...

Que o outro é mais rico...
Que é feliz quem cabe no vestido.
Que quando emagrecer tudo estára resolvido..
Que se pudesse nunca teria ido, rido, dito, escrito...
Que mulher feia só pega homem bonito...
Que homem só dá valor a mulher que não presta...
Que quando emagrecer dará uma festa..
Que um dia vai comprar o shopping inteiro...
Que um dia vai sobrar dinheiro...
Que tudo que a gente quer da vida é muito mais que um prato de comida, é ter uma pia eternamente limpa, um marido que cozinha, cara sem espinhas, beber a noite todinha e acordar sem ressaca.
Que a vida de quem tem muita grana é uma mamata e se reclama por nada.
Que todo nosso problema é dinheiro
Que se ganhasse na loteria se mudaria para Bahia recebendo uva na boca e ventinho na cara porque a gente só vale aquilo que a gente paga.
Que a vida é difícil, mas dá pra levar rindo
Que besta é quem se estressa com o mínimo
Eu vou achando é graça, vou levando de pirraça porque no final da contas a gente nunca tem certeza... A gente sempre acha.

domingo, 13 de junho de 2010

Duvidas...


Uma certa manhã de pouca idade ao acordar Ela percebeu que tinha que decidir. Sentou sozinha em sua cama, cruzou as pernas e olhou pela janela as nuvens de flocos de uma manhã de sol... E resolveu para onde ia caminhar, ia rumo ao sol... Claro que como todas as pessoas, ela tinha muitas opções, mas decidiu pelo futuro promissor e colocou as realizações pessoais numa caixa, realmente pessoal. Começou a caminhar apesar de querer correr... Coisa típica da idade. As conquistas vieram com o tempo e a quantidade de passos dados. Caminhou o suficiente e parou. Pensou. A cada momento procurou na estrada todos os trejeitos que sempre a empolgaram e a fez escolher esse caminho, ainda belo, mas nada empolgante. Mesmo a contragosto: Ela continuou caminhando. Passo após passo. Andou... E se perdeu em seu próprio caminho... Como é que pode se perder em uma escolha?!Juro que aconteceu. Ela prosseguiu. Tantas dúvidas trepidavam em sua cabeça que á levavam em pernas bambas: nem parava nem caminhava com firmeza. Até que um dia, não apenas a paisagem não a empolgava, mas o sol passou a queimar sua pele, vincos surgiram em seu rosto e seus cabelos perderam o viço. Cansaço. Sentou, pegou a caixa de escolhas e a namorou longamente. Pensou a quantidade de caminhos que tinham ali, frescos e tão belos. Voltou a caminhar e a cada nova dificuldade do caminho cantarolava as belas canções das outras opções e cada vez mais eles lhe enchiam os olhos, os sentimentos, as perspectivas de futuro, lhe completavam a vida... Melhor era fugir para o mundo imaginário de um caminho melhor e lamuriar e lamentar e simplesmente ignorar o caminho inicialmente escolhido... Qualquer opção era melhor do que abrir os olhos e ter novamente aquela paisagem á frente. E não quis nem saber, decretou greve de passos... Deitou e passou longos dias olhando o céu. Angustia. Após devanear o quanto pode; se auto-sabotar o quanto pode; chorar, resmungar o quanto pode: Ela resolveu raciocinar (mãe das boas decisões). Conclusão: Ela entendeu que não existe bom sem defeito que tudo fica mais fácil quando é feito de bom grado e que aprender a terminar o que se começar, fechar ciclos é adquirir maturidade. Viver de começo é um grande perigo. Tudo no começo é atraente, virtuoso. Dá uma boa observada no caminho escolhido, procurar sua beleza: É isso que Ela faz no momento. Não significa que a caixa de escolhas foi lançada ao mar do esquecimento, mas cada coisa é primária e secundária ao seu tempo e Ela já entendeu isso. Pode ser que, mais uma vez, Ela esteja procurando a flor no asfalto, mas escutar a lógica e a razão têm a feito dormir em paz e é o que, no fim das contas, importa. Olhar pra trás e recomeçar são desejos capciosos, costumam andar de mãos dadas com a Precipitação por ai, todo mundo comenta e Ela sabe disso também. Bem, Ela já limpou a poeira dos joelhos e do vestido e é melhor recomeçar a caminhar o quanto antes porque a estrada é longa... E sem olhar para trás dessa vez.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Constatações:


Sinceridade:
Probabilidade de ser entendido: pequena.
Ser julgado: Enorme.

Falsidade = Boa convivência.

Mentira = Um grão.

Não gostar de ficar só é se achar uma péssima companhia.

A vida não é uma receita de bolo, pessoas não são receita de bolo, cada um que encontre sua forma de ser feliz... Entre todos os comuns, nada melhor que ser você, mesmo que seja estranho, mesmo que seja bizarro. Ando com as palmas das minhas mãos sem ter qualquer vergonha disso.

Ter uma vida totalmente diferente da de hoje, não terá nada de diferente... Mesmas sensações para diferentes situações.

Se não tem outro jeito, se meteu até o pescoço na lama, acredite que ela é medicinal, se lambuze, deite de costas e pegue um sol.


E é tudo que eu tenho pensado durante esses dias...
Ah, na fotinha: eu.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sinceramente...


Há muito medito sobre essas letrinhas em fila indiana... Sinceridade. Sinceridade: ora tão parecida com imaturidade; ora amiga da grosseria; ora companheira da honestidade;ora voz de todos-que-não-tem-coragem; ora de mãos dadas com pessoas precipitadas... E tudo isso cabe em sinceridade.
Melhor rótulo encontrado pelas pessoas com ouvidos treinados para meias verdades quando encontram um sincero em seu caminho é a qualificação de "precipitado", "fala depois pensa". Os rotuladores só querem ensinar aos sinceros a necessidade de se praticar a falsidade(definição:mentira amenizada e socialmente aceita. Essa pode usar, não é feia não!) como regra essencial para uma boa convivência. Ai entra todo aquele discurso catequizador de "guarde suas verdades para si", " Há verdades que não precisam ser ditas"," O que você fala é verdade, mas não precisa ser proferida pela sua boca" da cartilha "Pense Como Os Demais: Seja Uma Pessoa Com Gosto De Sociedade Em Dez Passos ".
Os rotuladores bem que gostam de praticar a sinceridade, mas de uma forma bem particular, nas vielas escuras, em grupos mínimos onde o alvo do assunto está bem longe dali... A sinceridade oculta, praticada na surdina, essa sim é socialmente aplaudida e apoiada.
Quando uma sinceridade(Definição:avalanche de palavras embaladas em verdades) vem a tona, bem mais fácil( e geralmente utilizado) é gastar horas e horas julgando o proferidor das palavras do que analisando o fundamento e profundidade dessas palavras...
Ninguém quer admitir que tem um lado feio, atitudes enojantes e cruéis, defeitos incontestáveis, ninguém quer ter suas entranhas negras, pútridas, expostas ao julgamento alheio... Mesmo que a existência de toda gama de defeitos sejam reais, mesmo que o portador do defeito intimamente saiba da existência deste, por "Nossa Senhora da Falsidade Social"... Não fale!
Os sinceros são os inclassificáveis sociais, são: grosseiros, honestos, voz de todos, imaturos, precipitados (entre outros adjetivos), mas, antes de tudo isso, são VERDADEIROS, donos de uma coragem louvável e detestada, personalidade forte e capacidade de análise aguçada.
São donos de cruzes pesadas e travesseiros leves.
Ter opinião não é para todo mundo. Defender opiniões não é pra todo mundo. Se paga um preço alto por isso (raciocinar sozinho, primeiramente)... Cruz pesada e travesseiro leve, certamente.
Ser neutro é muito mais interessante socialmente: não tomar partidos das situações, ser meio amigo de todos, Caminhar em cima do muro... Pode até ser mais fácil, mas... A que custo??

Por,
Hilda Elizabeth.
Uma pessoa sincera.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Essa semana ...


Assisti um parto.
Jantei com um bom amigo.
Perdi um celular.Ganhei um celular.
Vi pessoas conversando sozinhas no ônibus. Andei de ônibus. Bastante.
Perdi prova.
Paguei dívidas.
Investi em um novo projeto financeiro.
Tomei sorvete.
Li alguma coisa.
Me perdi de mim.
Corri atrás da minha sombra. Toquei nela. Continuo correndo.
Semana bem equilibrada:
50% boa.
50% ruim.

segunda-feira, 10 de maio de 2010





Li. Gostei:

"Porque com os gênios acontece isso: o que aos fracos e medíocres abate e os leva aos atos de irremediável desespero, a eles serve de inspiração e de escudo, de força e poder criador."

Dostoievski (O jogador, livro)

terça-feira, 4 de maio de 2010

As regras de um bom término


Liga pra amiga. Confirma. Tudo certo. Escovão nos cabelos, blusa que afina a cintura e calça que destaca a preferência nacional. Capricha no blush, lápis de olho e perfume: Pronta para a CAÇA. Chega na baladinha CAUSANDO O MAL. Bebida a base de álcool, por favor...Coragem garantida. Paquera. Dança. Beija. Fica... Dá um adeus cordial e troca telefones...E ele(a) -bem-vindo ao século XXI- liga!
Barzinho, cineminha... E vão ficando... Um dia, dois, semanas (...)!!!
Constatação óbvia: Começo de relacionamento ninguém tem defeitos.Fato.
Por enquanto.

Logo após a fase de mar-de-flores... "A" crise:
Tipo1) Horas e horas de excelente conversa durante o dia... E durante a noite: Também. A amizade compensa o "Dá" por amizade... E vai levando de barriga.
Tipo2) Briga por tudo. Termina e volta toda semana. Mas no tatâme rola até tango argentino.
Pode até ter problemas por sogras, ex casamentos, filhos, manias e afins, mas a busca de tesão e companheirismo em bom peso e boa medida é o jacaré do esgoto: pode até não existe, mas que todo mundo acredita que tem algum por lá, acredita.
E quando acaba o mar-de-flores, "A" crise e a fase de "tentar conviver com os defeitos" e finalmente chega a conclusão que não dá mais....Quais as regras de um bom término??
Geralmente duas alternativas são utilizadas:
1)Tratar de arrumar um estepe, deixar o lance mais ou menos encaminhado para ter coragem de dá o veredito no caso anterior.
Ou...
2)Vai, como não quer nada, mostrando desenterresse: Não viu o telefone tocar, não quer sair(...). E, assim, dá todas as dicas para que o outro se toque logo.
Sinceramente, nenhum dos dois métodos é honesto, mas, é que nem havainas: todo mundo usa.
Um belo dia, um dos dois cria coragem e dá o telefonema fatídico seguida da frase que põe fim a qualquer esperança: "Precisamos conversar. Amanhã ta bom pra você???
E o findado casal se encontra...
A pior parte é o aperto de mão, beijinho no rosto e sentar... Depois disso, explicar a teoria da relatividade para Einstein seria moleza.
Em seguida: Conversas triviais, sorrisos, o frio na barriga ao despejar com ar de psicólogo o "Papo sério" e os porquês do não-damos-certos-juntos... Segui-se com os elogios, tantos, que até repensamos por um segundo em retomar o romance, mas é só um momento epifânico, logo a razão dá o ar da graça.
Ai. Pronto!Duplo ufa!Acabou...
È só dá aquele abraço de descida de navio, um "Até logo"com cara de adeus e...
Esperar pacientemente cair as cascas das feridas. Curtir com gosto o período de listar os aspectos positivos e negativos do ex-relacionamento.
Depois dessa maratona: O gostinho de liberdade volta a perturbar o paladar, o sexo oposto( igual, para alguns, sem preconceitos) volta a ser bem interessante, passar a sexta á noite morimbunda no sofá não é mais a melhor pedida...
Então, basta um novo corte de cabelo e coisas do tipo, encontrar velhas e boas amizades e uma boa bebida para vc se divertir horrores... Se encontrar alguém legal por lá que bom, se não, que bom também...Pois é: Bem-vinda a vida de solteira e, por favor, solteira bem resolvida.
Então, bola pra frente que a vida é rápida demais e não espera por ninguém.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Coração de mãe



Já que sou adepta ao transporte público de corpo-alma-e-coração, diga-se de passagem, por opção financeira incompatível com o confortável e invejável transporte coletivo para cinco pessoas, nada melhor que colocar em fila indiana(mimetizando a interessante disposição das pessoas nos terminais de ônibus) algumas letrinhas sobre esse assunto.
O usuário de coletivo:
O usuário de coletivo é um ser que não acorda... Nãoooo: madruga. Chega na sua parada de ônibus parecendo uma obra de arte, especificamente um mosaico: todo rabiscado de lençol. Ali, como quem não quer nada, maquinalmente se insere no fim da fila na expectativa de ganhar o "Óscar do Coletivo", ou seja, ter o direito de desfilar pelo tapete metálico do ônibus e ter acesso ao troféu do usuário: aquele acento, não especificamente limpo e brilhante, mas ao menos na sombra e na janela.
E ainda tem aquela galerinha interessante, os pseudo-usuários... As pessoas que ainda não se convenceram que não pertence ao grupo do transporte privado... Chegam praticamente na hora do ônibus sair e se aglomeram ao redor da fila indiana... Esperando seu final ou interrupção do tráfego para que entrem praticamente as tapas no ônibus numa calorosa disputa pelos últimos míseros lugares ao sol. E bote sol nisso.
Entre usuários e pseudo-usuários, estão todos á bordo!
Bem-Vindo a aventura!
A partir de agora prepare-se:
Seu café da manhã se resumirá sempre em vitaminas, mesmo que você, desdenhosamente, coma um pãozinho e tome café. Seu coletivo cuida disso por você!
Vitamina sim e não se fala mais nisso.
Em vão se utilizou sabonete, shampoo, desodorante e perfume... Quando você sair do seu querido coletivo, duvido que alguém em sã consciência afirme que você realmente experimentou alguns desses itens antes de sair de casa.
Ok. Mas nem tudo são arames farpados na vida desses usuários. Como tudo na vida, tem o lado bom,vamos a eles:
Primeiramente, o incentivo a prática de atividades físicas... Para se manter em pé, é necessário contrair, no mínimo, 90% dos músculos corpóreos. Se por um lado você salta do buzão todo suado, por outro, a carcaça vai ficar tinindo, totalmente em dia.
E não se deve esquecer do cuidado proporcionado a sua "cutis", pois seu coletivo oferece uma sauna não muito higiênica e chique, mas que, certamente, funciona.
Ah, além do seu suor você ainda adquire boa gama do suor da galera que divide o espaço com você e, se brincar, você sabe até quantas moedas e quais eram no bolso de trás do rapaz que você teve que praticamente arrancar o DNA das células dele para poder descer, fato que contribui para o desenvolvimento de sua capacidade intuitiva.
Tirando esse relacionamento interpessoal, é válido citar o crescimento do usuário enquanto ser humano, pois na disputa por seu lugar no ônibus, o usuário aprende a defender com unhas, dentes, cotoveladas e pisão no pé o seu espaço... Numa demonstração de coragem e espírito conquistador.
Nunca mais mocinhas indefesas seram apalpadas e calaram essa atitude brutal, pois, na lei do coletivo, neguinha aprende a baixar o pau em engraçadinhos de mãos bobas... Demonstrando como é importante na formação de mulheres arrojadas o uso contínuo do ônibus.
Aprende também a praticar boas ações, doando seu lugar aos velhinhos e gestantes...Nem todos: Alguns, aprendem a entrar em transe imediato, um sono incorrigível e insustentável ao ver criaturas de madeixas alvas e mulheres de ventres protusos.
Ah, o amor ao próximo também é praticado ao se oferecer para carregar menino, caderno, sacola, isopor e livros das pessoas que foram sorteadas para permanecerem de pé.
Sim, os usuários também garantem comida na mesa de centenas de vendedores de pipoca, água mineral, bombons, canetas e chaveiros.
Mas, agora sério, está ai o top 10 dos fatos realmente bons de usar ônibus:
1)Vez ou outra até tem um rapaz bonito e sem micose para pessoa limpar a vista... Não é assim uma Brastemp, mas é um bom macaco gordo:quebra um galho!
2)Com o tempo o motorista te deixa bem perto da sua casa e te pega quando você ainda está caminhando para a parada.
3)Você já sabe horrores da vida dos passageiros pelas ligações que eles atendem no ônibus, pelo tipo de roupa que sai de casa ou porque já pegaram tanto ônibus juntos que já há uma certa cordialidade no tratar e há até direito a lanchinhos compartilhados nas idas e vindas. Grandes amizades podem nascer nos ônibus.
4)Sempre tem alguém que conheceu o marido no ônibus;
5)Sempre tem alguém que você nunca fala, mas que mora no mesmo bairro que você e inventa absurdos da sua vida de acordo com suposições de sua postura e conversas que pensa que viu e ouviu você ter no coletivo. O bom disso???Você também fala horrores da vida dele(hehehehehe)!
6)Você pode dá nota em todo mundo que passa na catraca;
7)Sempre os assuntos mais sórdidos, daqueles que dá arrepio na espinha em comentar com alguém, são rotineiramente o foco de conversar de ônibus. É fato: não há lugar melhor, mais gostoso para falar da vida pessoal do que no ônibus! E falar em códigos e vê que quem está ao redor áest se roendo de vontade de saber maiores detalhes.É impagável!!!
8)Encontrar um amigo no ônibus é que ter um Master Card: NÃO TEM PREÇO e, com certeza, a viagem fica mais curta e agradável.
9)Sempre tem algum conhecido que você pensa destraidamente " Meu Deus como fulana ta acabada!"
10) Sempre tem alguém ouvindo/lendo alguma coisa legal e você pega carona.


Ah, e só para terminar:
Pessoas que estão sentadas não tem o direito de descer do ônibus antes de descer as pessoas que estavam de pé. Ah vá!Falta de consciência social, pow. Não tem coisa que deixe a tribo dos de pé mais fulos da vida do que vê aquele individuo que estava o caminho todinho sentado, quando está chegando perto do terminal, se levantar como um lord e caminhar como um rei até a porta. Mas é muita cara de pau.
Ah, lembre-se: a tribo dos usuários de coletivos são pessoas rancorosas... Então, colabore, segure bolsas e cadernos do seu companheiro de viagem. O caderno que você segura hoje, é o seu menino que pega carona no colo de alguém amanhã.
Pois é isso.
Aguenta não???
Pede parada e desce.

O dia passa, horas se estendem...


18h de uma quinta-feira ingrata. Roda de bons colegas rindo, conversando lorota. Até então, tudo flores... E eis que surge o famigerado assunto tão comum entre paralelas conversas femininas: tecido adiposo abundante... uma forma chique de dizer" gordura sobrando onde não deve". E lá vai eu, inocente, discorrer algumas palavras mansas, assumindo a posição de perita no assunto...

- Engordei 30kg em dois anos. Impressionante como a pessoa não percebe, mas sempre aparece algumas pessoas altamente desinteressantes que faz esse papel por nós!

Ai que veio a infeliz frase de um "ser":

-Meu Deus!!E tu existia???!!

Na hora fiquei a meia voz. Meia boca aberta escolhendo em milésimos de segundo o que proferir...
Que eu existe durante esse período, disso eu tinha plena certeza, mas se esse ser existe ou virá a existir: tive dúvidas.
Ai pensei cá com meus botões:
-Tadinha... Não tem sequer a menor noção do que é existir...
Tive pena.
Preferi dá uma saída á francesa no assunto.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Mais uma segunda...Um tal de 12 de abril de 2010


Segunda-feira, rotina normal... Madrugar, banho, café e:
Ônibus!
E como tudo que é bom tem que ser em dose dupla, então, dois ônibus. Primeiro ônibus por um triz não fui sentada, ahhhhhhhh.
Sentadinha no segundo(hehehehe), não tão confortavelmente sentada, diga-se de passagem, já que estava na parte de trás lendo um livro e por umas três vezes quase bati a cabeça no teto... Fato que realmente pões fim a qualquer resíduo de sono da noite anterior.
Desço. Solzão. Suor escorre e semáforo não corresponde as expectativas...Uma senhora para ao meu lado e confessa transtornada... Com aquela cara de quem precisa colocar pra fora:
-Absurdo isso! Mandei a colcha pra lavanderia, expliquei que era pra ser lavada á mão e colocaram na máquina!!!
As flores perderam a cor e ficou toda puída....
E foi minha cunhada quem deu...
Se você me der uma agulha: eu guardo e daqui a vinte anos vai estar guardada!
Agora vou no Shopping comprar outra, pelo menos eles vão pagar o prejuízo...
O sinal abre. Caminhamos.
Eu:
- É horrível quando essas coisas acontecem porque mesmo que a gente ache uma parecida a gente queria a que era nossa.
A senhora:
- Mas eu vou comprar outra igual! Falei com uma vizinha que precisava ir lá, mas como ela não se pronunciou vou de ônibus mesmo.
Eu:
-Vou por aqui.
A senhora(Sorrindo):
-E eu pra lá. Bom dia pra você e ótimo semana!
Eu:
-Igualmente!

Situações inusitadas: adoro!!
Meu dia fica bem melhor.

sábado, 20 de março de 2010

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Mudanças


Gosto de sentir os anos passarem, gosto do gosto amargo/doce do tempo, de sentir o peso dos anos nas costas, na face, no corpo, na mente. Cada ano novo é um novo ciclo e como é necessário todos os rituais possíveis de passagem de um para o outro, sentir que um findou-se (com todas suas alegrias e tormentos) e outro já bate a porta com cheirinho de tinta fresca. Cada ciclo tento respirar a idade que tenho e trazer as mudanças que cabem a ele.Conheço um lugar(em especial) onde pessoas não mudam...Um lugar onde todos têm os mesmos gostos, hábitos...onde as filhas serão como as mães. Certo dia fui levada para lá: choque! Por exemplo, as jovens eram fenotipicamente iguais...longas madeixas lisas (nem sempre congênitas), franjinha de lado(meu Deus, quantas franjas!), esbeltas, roupas de mesma griff( rótulos ambulantes), unhas eternamente milimetricamente bem cuidadas...Achei graça! Ao conversar com algumas, percebi que todas também tinham a mesma visão de mundo e os mesmos projetos de vida!!!!!!!!(????) Ninguém queria tocar violão, viajar de mochila, fazer teatro de bonecos, aprender tango, sei lá, qualquer coisas que simplesmente lembrasse a palavra: IDENTIDADE. Gostavam das mesmas músicas(resumidas a uma única banda e ritmos semelhantes), queriam os mesmos cursos, os mesmos modelos de roupas( era proibido não estar "na moda", isso valia rejeiçaõ social)... Pessoas que não sentiam a mínima diferença dos anos... Fim de ano: tal canto. Férias/Carnaval: tal praia. Ao longo do ano: tais festas, as quais eram esperadas ansiosamente, com saliva a escorrer e que, imprecionantemente, eram com as mesmas bandas do ano anterior( e que tocaram no ano anterior ao ano anterior(...))!!! São como suas mães foram e serão como suas mães são:terão filhos, cuidaram de uma casa, submissas a um marido, casamentos arrastados pelos anos, sorriso de Monalisa para a sociedade. Em idade provecta: manteram os costumes, terão plena noção do fracasso de suas vidas, poliqueixosas aos ouvidos de todos, mas incentivaram suas filhas a seguirem os costumes, a serem como suas mães foram: extremamente fiéis a uma vida sem próposito algum, com gosto de sociedade.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Uma caixa de biscoito



Havia uma certa senhora que tinha um dos quarto mais aconchegante ao qual já entrei, não por ter luxos... Era tudo muito simples, contudo, ele (assim como a dona) se fazia respeitar... Não apenas por estar repleto de livros, bibelôs, vitrola, discos, retratos e vários objetos que contavam a história de quem lá dormia, mas por ter aquele cheirinho próprio, aquela insistente luz de fim de tarde e, principalmente, por passar inspiração, sensação de que tudo vai dar certo...Sabe-se lá Deus o porquê e para quê.
Onde entra a caixa de biscoito nessa história???
Na instante de livros, perto de um pote de doces açucarados.
E era tão bonita, azul escura.
Biscoitos de vários sabores e formatos.
Até que chegou o dia em que o quarto aconchegante e todos seus objetos viraram uma doce lembrança... Um belo dia, sem mais nem menos, dou de cara com uma lata de biscoitos da mesma marca que habitava a instante do quarto da senhora, não quis nem saber, levei para morar comigo, acomodei gentilmente ela na minha instante e enchi de objetos=caixa de recordações. Hoje, ela não está mais lá, minhas recordações estão todas dentro de uma caixa de papelão... Mudou-se de embalagem mas o conteúdo é o mesmo.Essa criatura que escreve apenas tem vontade de abrir a caixa e expor. Poder gritaaaaaaaaaaaaaarrrrrrr o que pensa. O que esperar desse blog???
Pano pra manga.