terça-feira, 17 de maio de 2011

Terça-feira, por favor!

De uma hora pra outra me pego falando sozinha, de uma hora pra outra me pego falando besteiras, enchendo os ouvidos alheios, transbordando... de uma hora pra outra me pego tomando vinho em plena terça-feira de febre terçã! Essa malária de vida! E me pego ensandecida, indignada, um tanto quanto desconchava, inconformada, com um “de-que-me-adianta ” a ressoar aos ouvidos, a me cheirar as narinas, a me fazer cócegas nos mindinhos... O mundo não é dos inteligentes: já dizia a tevê aberta com toda sua imposição de vida... Inteligência não serve para nada... apenas para se perceber, se ter a sincera noção do quanto se usa ferraduras, é para ser um descerebrado com atestado de incapacidade plena, é para receber o diploma de ruminante e “a” caráter, de beca, apertar com orgulho a mão da consciência e caminhar pela vida em quatro patas feliz. Melhor seria viver na venturosa e bela terra dos plenamente, sabidamente, incapazes... daqueles que acham o seu pouco o pedaço do céu e partilham de suas infrutíferas alegrias com seus iguais, eles sim tem noção de felicidade plena, felicidade boba, alegria de criança quando a mãe deixa entrar na piscina mesmo sendo depois do almoço. E isso é tudo que me vem a mente numa terça-feira trivial, com gosto de feijão com arroz e sal em que só me resta filosofias de guardanapo de botequim enamorada por beijos de taça de vinho.
Por, Hilda de Queiroz

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