domingo, 4 de julho de 2010

Um homem para chamar de seu...


Antes só do que mal acompanhada (será). Século XXI... As mulheres lotam as universidades, o mercado de trabalho e consolida a conquista do seu espaço no mundo da política... Mas, como sempre existe um mas... Observei por longa data um grupo em especial de mulheres: as humilhadas-felizes. A humilhada-feliz cresceu no mundo da inverdade: mulher precisa de marido, um ser de outra espécie ao seu lado para ser completa. Como a humilhada-feliz não faz parte de uma geração tão antiga assim, ela não precisa de “marido” para comer, vestir, morar, a plena verdade é que a mulher em questão não precisa financeiramente de um marido para nada. E ela tem tudo isso. Contudo sempre lhe faltava o essencial: o casamento, a festa, o vestido, a aliança para exibir com orgulho: não sou uma qualquer...Sou CASADA. Também quer o registro em cartório de “pertence de alguém”. A humilhada-feliz em seus relacionamentos nunca conseguiu guardar esse seu sentimento que querer pertencer. Até que a duras penas e depois de muita novela das 20h, ela conseguiu tudo que sonhou: vestido, igreja, aliança, jogar buquê, testemunhas e o principal: o marido. E conseguir isso não foi nada fácil, pois enquanto casar é coisa mais simples e lógica seqüencial óbvia para algumas mulheres, para esta espécie que exala sentimentos, isso é uma conquista de muito esforço engajada com boas doses de falta de amor próprio para ganhar essa parada. Já que não é de hoje que se sabe que ser humano é um bicho bem esquisito: aprecia quem despreza e despreza quem os ama... A velha e boa insatisfação terrena. A humilhada-feliz é movida a jargões como: “Aquilo que os olhos não vêem o coração não sente” e “No fim das contas, é comigo que ele vai ficar”... e assim deixa passar todas as destratos públicos e as puladas de cercas do futuro marido ... Enquanto casada: lava, passa, cozinha... Dona de casa com louvor e sem qualquer reconhecimento de absolutamente nada, só alfinetadas e grosserias sem motivos diariamente... Há muito o marido em questão sabe do pavor desta mulher em perdê-lo, então...
A humilhada-feliz chora calada. E nem adianta tentar conversar com ela, pois por mais que ela comente cada vez que tem oportunidade o quanto seu marido é estúpido e grosso, esta não pensará duas vezes, não pestanejará em defendê-lo com unhas e dentes e aos votos de casamento durante as discussões cotidianas... A humilhada-feliz adora se sentir vítima, adora que todos reconheçam o quão boa esposa ela é e que nunca aquele homem arrumará outra igual a ela... Esses momentos somado a pequena alegria de dizer pra quem quer que seja “Sou casada” é o combustível de vida desses seres que todos os dias com deveras paciência cosem seus trajes de humilhação. Ela cria em sua mente repleta de aceitações de desgraças que quando namorava, ele era muito diferente... É impressionante como todas tem o mesmo discurso e uma esperança inabalável na epifânica transformação do marido em questão... Um dia este passará por debaixo do arco-íris e será outra pessoa. A humilhada-feliz é comentada por toda vizinhança, cozinha entre lágrimas, dorme sozinha muitas e muitas noites, mas ao amanhecer... Orgulhosamente põe sua aliança em seu dedo esquerdo e ao observar sua calejada mão é tomada por aquela sensação tão peculiar de segurança, constatação que não precisa de mais nada na vida, nem de ninguém, certeza de não ser só: é completa!... E então, renova suas esperanças e fé nesse novo dia, acredita cegamente, sendo está a palavra exata, que este dia será diferente... Este dia ela será amada, querida, feliz... Santas mulheres... Movidas á resignação, humilhação contínua e uma esperança sem precedentes... Uma vida de massacre diário e alegrias tão ínfimas.

Um comentário:

  1. Querida do meu coração muito mas muito obrigada pelas palavras(tantas!que me enchem os olhos)e obrigada por compartilhar suas dores e vitórias comigo.
    Há dor e esperança no recomeço de tudo não é?aquela excitação louca de que tudo dará certo e aquela pequena insegurança de passar pela derrota outra vez...fazer o que?o ser humano é feito disso.
    O bom disso tudo é ter pessoas assim como você!
    Li seu post de hoje e pelamordedeus!!!!!!!!!menina você escreve super bem!deveria pensar em escrever seus próprios livros.
    Nossas opiniões são muito parecidas...conheço esse tipo de mulher e quanto mais a conheço menos entendo esse tipo.
    Já vi terapeutas largarem pacientes com esses traços.
    Graças a Deus não somos como elas ok? isso já é um ótimo ponto!
    Fica com Deus e até mais!

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